Pequenas coisas: grandes feitos
INTRODUÇÃO
Você é daqueles que dizem: "Não tenho nada a oferecer para Deus" ou: "O que tenho para oferecer a Deus é muito pouco!"? Não se preocupe, porque não há quem não tenha nada a oferecer a Deus. Todos têm ao menos um pouquinho de algo/alguma coisa a oferecer ao (usá-lo[a] a serviço do) Criador, como, por exemplo, cantar o mínimo, tocar pouco, pregar quase nada... Entretanto, saiba que Ele quer usar isso (o pouco que você sabe ou tem) para realizar o milagre em sua vida. Para você entender melhor, recorramos àquela viúva dos dias de Eliseu:
E uma mulher, das mulheres dos filhos dos profetas, clamou a Eliseu, dizendo: Meu marido, teu servo, morreu; e tu sabes que o teu servo temia ao SENHOR; e veio o credor, para levar os meus dois filhos para serem servos. E Eliseu lhe disse: Que te hei de fazer? Dize-me que é o que tens em casa. E ela disse: Tua serva não tem nada em casa, senão uma botija de azeite (1Rs 4.1,2).
Não sei se você percebeu, quando o homem de Deus falou: "Dize-me que é o que tens em casa", ela respondeu: "Tua serva não tem nada em casa". Temos uma vírgula depois desta expressão. Já que a viúva disse que não tinha nada em casa, Eliseu se vira para ir embora. É aí que surge o complemento: "senão uma botija de azeite". Opa! Tinha apenas uma botija de azeite. Já era alguma coisa para que o milagre pudesse acontecer. Deus exige de você apenas o mínimo, para que Ele realize o máximo!
1 PESSOAS QUE VIVENCIARAM MILAGRES A PARTIR DE SIMPLES COISAS
1.1 Moisés tinha uma vara
"E o SENHOR disse-lhe: Que é isso na tua mão? E ele disse: Uma vara" (Ex 4.2). Como sabemos, esse bordão era o instrumento com o qual Moisés efetuou inúmeros milagres, da parte de Deus, diante do Egito e do Povo de Israel. Aliás, foi exatamente mediante esse bastão que o Senhor abriu o Mar Vermelho para o Seu Povo passar, tornando este livre da opressão egípcia: "Então disse o SENHOR a Moisés: Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem. E tu, levanta a tua vara, e estende a tua mão sobre o mar, e fende-o, para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar em seco" (Ex 14.15-16).
1.2 Gideão tinha apenas trezentos homens para vencer uma multidão inumerável (Jz 7.12)
Você sabe por que Deus não quis que Gideão lutasse com uma enorme multidão contra os midianitas? Que tal a Bíblia responder?: "E disse o SENHOR a Gideão: Muito é o povo que está contigo, para eu dar aos midianitas em sua mão; a fim de que Israel não se glorie contra mim, dizendo: A minha mão me livrou" (Jz 7.2). Dos trinta e dois mil candidatos, apenas trezentos passaram no teste que Deus mandou que Gideão fizesse àqueles homens (v4-6): "E disse o SENHOR a Gideão: Com estes trezentos homens que lamberam as águas vos livrarei, e darei os midianitas na tua mão; portanto, todos os demais se retirem, cada um ao seu lugar" (v7). A vitória, é claro, foi de Gideão e os trezentos! Deus usa o pequeno (as pequenas coisas) para que o nome Dele seja exaltado!
1.3 A queixada fresca de um jumento
"E, vindo ele [Sansão] a Leí, os filisteus lhe saíram ao encontro, jubilando; porém o Espírito do SENHOR poderosamente se apossou dele, e as cordas que ele tinha nos braços se tornaram como fios de linho que se queimaram no fogo, e as suas amarraduras se desfizeram das suas mãos. E achou uma queixada fresca de um jumento, e estendeu a sua mão, e tomou-a, e feriu com ela mil homens. Então disse Sansão: Com uma queixada de jumento, montões sobre montões; com uma queixada de jumento feri a mil homens" (Jz 15. 14-16).
Parece até piada, não é mesmo? Matar mil homens com uma mera queixada de jumento?! Mas Deus gosta disso mesmo. Ele realiza milagres por meio de coisas tão simples! Ah, é bom lembrar que a queixada que Sansão usou era novinha (fresca)!
1.4 A pedra de Davi
Para enfrentar o gigante Golias, Davi tomou para si cinco seixos (ou pedras brancas), conforme registrado em 1Samuel 17.40. Se você ler os versículos anteriores, notará que o rei Saul queria que Davi usasse seus trajes de guerra, bem como suas armas. Aprendo aqui algo: Deus quer usar o cristão com o que ele tem. As vestes, o capacete e a couraça de Saul não couberam em Davi, porque, mais uma vez, Deus não queria que a força humana aparecesse, e, sim, o Poder Dele! E, como já conhecemos a história, bastou somente uma pedra (coisa simples!) para Davi derrubar o gigante (1Sm 17.49).
1.5 A viúva de Sarepta
A história que envolve essa viúva e Elias é interessante. Veja o que o Senhor, nas Escrituras, fala a Elias: "Levanta-te, e vai para Sarepta, que é de Sidom, e habita ali; eis que eu ordenei ali a uma mulher viúva que te sustente" (1Rs 17.9). Deus disse a esse profeta que ordenara uma mulher viúva para sustentá-lo. Quem sabe, Elias pensou: "Oba! Deve ser uma viúva rica! Agora estou com a vida ganha!"
Mas, para a surpresa desse servo do Senhor, a viúva era pobre! Elias, como vemos nos versículos seguintes, pediu para aquela mulher um pouco de água, porém ela não tinha nem isso para oferecer ao homem de Deus. A partir daí começa o milagre. Elias pede à viúva um bocado (ou pedaço) de pão (v11), o que ela recusa, porque não tinha nem para ela e o filho, quanto mais para o profeta (v12).
Entretanto, ela possuía alguma coisa. O quê? Um punhado de farinha e um pouco de azeite. Ou seja, tinha o suficiente para a realização do milagre! A viúva cumpriu a ordem do servo de Deus (v13), e o melhor aconteceu: "Porque assim diz o SENHOR Deus de Israel: A farinha da panela não se acabará, e o azeite da botija não faltará até ao dia em que o SENHOR dê chuva sobre a terra." (v14). Agora sim, a viúva iria viver bem com o seu filho, e, ainda, sustentar o profeta de Deus enquanto estivesse na casa dela!
1.6 A viúva contemporânea de Eliseu
Embora já a mencionei por alto, no início desse artigo, não poderia deixar de inseri-la nessa lista. A história dessa viúva é a seguinte: ela era casada com um aluno da escola dos profetas (2Rs 4.1), e este veio a morrer, deixando uma dívida. Agora a pobre viúva, conhecedora das leis, sabia que, se tal dívida não fosse quitada, seus filhos teriam de trabalhar como escravos para pagá-la (Lv 25. 39 e seguintes). Mas ela soube a quem procurar: o homem de Deus (Eliseu). Este ouviu o pedido de socorro dessa serva do Senhor, depois perguntou a ela: "Que te hei de fazer? Dize-me que é o que tens em casa" (2Rs 4.2a). Ela respondeu: "Tua serva não tem nada em casa..." (v2b). Aí se lembrou que tinha alguma coisa: "...senão uma botija de azeite." (v2c). Se tem alguma coisa, tem milagre!
O homem de Deus pede que ela tome muitos vasos emprestados da vizinhança (v3), o que denota a paz que ela possuía com os seus vizinhos (Hb 12.14). Depois, Eliseu ordena: "Então entra, e fecha a porta sobre ti, e sobre teus filhos, e deita o azeite em todas aquelas vasilhas, e põe à parte a que estiver cheia" (v4). Ela obedeceu o profeta (v5) e o milagre da multiplicação do azeite ocorreu (v6). Estava ali muito mais que o necessário para a viúva e seus filhos. E a dívida? Agora ela pôde pagar (v7). Pequenas coisas: grandes feitos!
1.7 O rio Jordão e Naamã
Naamã, como nos informa a Bíblia, era o comandante do exército do rei da Síria, homem conceituado, importante, por meio do qual Deus concedeu vitória à Síria. Mas na vida dele havia um porém: "...e era este homem herói valoroso, porém leproso." (Jz 5.1 - grifo meu). A lepra, naquela época, era a pior doença. Todo leproso era considerado imundo (Lv 13). Que vida desgraçada a desse general!
Entretanto, a fim de que ele ficasse purificado da lepra (2Rs 5.2,3), uma menina israelita, que era escrava na casa dele e sua mulher, indicou-lhe o profeta Eliseu. Naamã foi logo ao seu senhor e fê-lo saber sobre Eliseu (v4), pelo que o rei da Síria enviou uma carta ao rei de Israel (vv5,6). Este se indignou: "E sucedeu que, lendo o rei de Israel a carta, rasgou as suas vestes, e disse: Sou eu Deus, para matar e para vivificar, para que este envie a mim um homem, para que eu o cure da sua lepra? Pelo que deveras notai, peço-vos, e vede que busca ocasião contra mim" (v7). Mas, lá em Israel, havia um homem de Deus: Eliseu (v8).
Resumindo: Naamã foi até Eliseu (v9), e este o solicitou que se lavasse sete vezes nas águas do rio Jordão, para que fosse restaurado da lepra (v10). O general se irritou: "Porém, Naamã muito se indignou, e se foi, dizendo: Eis que eu dizia comigo: Certamente ele sairá, pôr-se-á em pé, invocará o nome do SENHOR seu Deus, e passará a sua mão sobre o lugar, e restaurará o leproso" (v11). O poderoso Naamã estava leproso e, mesmo assim, exaltado, a ponto de desprezar o rio Jordão: "Não são porventura Abana e Farpar, rios de Damasco, melhores do que todas as águas de Israel? Não me poderia eu lavar neles, e ficar purificado? E voltou-se, e se foi com indignação" (v12). Na verdade, Abana e Farfar eram rios de águas límpidas, em contraste com as águas barrentas do rio Jordão. No entanto, era neste desprezível rio que Deus queria efetuar o milagre na vida do leproso Naamã. E, como não poderia deixar de ser, ele atendeu à solicitação dos seus servos (v13), e "então desceu, e mergulhou no Jordão sete vezes, conforme a palavra do homem de Deus; e a sua carne tornou-se como a carne de um menino, e ficou purificado" (v14). Viu só? O milagre da purificação da lepra aconteceu num rio barrento!
1.8 Os cinco pães e os dois peixes
Temos aqui também um caso interessante: Jesus multiplicando os cinco pães e os dois peixes. Saibamos que, embora Jesus pudesse fazer aparecer pão e peixe do nada (apenas pela Sua palavra), Ele não o fez. Preferiu perguntar: "Onde compraremos pão, para estes comerem?" (Jo 6.5b). É claro que Jesus estava apenas testando os seus discípulos, pois Ele já sabia o que fazer, conforme narrado nos Escritos Sagrados (v6). Opa! Aparece um menino, trazido por André, com cinco pães e dois peixinhos. Já era alguma coisa para acontecer o milagre. E, como você já conhece a narrativa bíblica, Jesus tomou aquele alimento, deu graças (v11), "e os que comeram foram quase cinco mil homens, além das mulheres e crianças" (Mt 14.21). E mais: sobraram doze cestos cheios (Mc 6.43). Cinco pães e dois peixes alimentaram numerosa multidão. O que é isso? Uma coisa prquena, da qual derivou um grande milagre, a saber, o milagre da multiplicação!
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Você conferiu alguns exemplos de coisas que, à vista humana, não valiam nada, mas que, aos olhos de Deus, eram dignas de um milagre. E trabalhar nas pequenas coisas, a começar em nós, é propriedade exclusiva do Criador. Vejamos o que disse o doutor dos gentios: "Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele" (1Co 1.27-29). Ana também sabia disso: "[Deus] Levanta o pobre do pó, e desde o monturo exalta o necessitado, para o fazer assentar entre os príncipes, para o fazer herdar o trono de glória; porque do SENHOR são os alicerces da terra, e assentou sobre eles o mundo" (1Sm 2.8). Portanto, se você considera-se pequeno, está a apenas um passo de tornar-se grande. Daí o paradoxo pequenas coisas: grandes feitos. Com Deus funciona assim.
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