Seis ou nove?
A imagem sobre a qual falarei, nesse artigo, você certamente deve tê-la visto em alguma rede social. Se é que já não compartilhou também. Vai saber. Como pode-se ver, trata-se de dois homens, um de frente para o outro, discutindo sobre um número entre eles escrito no chão. O que está à direita afirma ver um nove (9); ao passo que o outro diz, convicto, que é um seis (6). E agora?
Algumas pessoas dirão que os dois homens estão certos. Afinal, dizem elas, tudo depende do ponto de vista. Tudo é questão da interpretação que se dá ao desenho. No entanto, pensar assim é precipitar-se. É preferível a priori pensar que apenas um dos homens está correto, quanto ao número que afirma ver.
Considerando que a pessoa que escreveu no chão teve em mente apenas um dos números, ou é 6 ou é 9 o caractere que ele escreveu no chão. Se escreveu o 6, acerta quem diz que o caractere ali é 6. Se escreveu o 9, quem disse que é 9 acertou. Não há como ser 6 e 9 ao mesmo tempo. Qual é então o número? O que levou a pessoa a fazer exatamente aquele número?
Para responder a essas e a outras perguntas, deve-se levar em conta vários fatores como tempo, contexto, motivo etc.; assim, se chegará à correta explicação da mensagem que a pessoa quer ou quis transmitir. O número tem um significado real e único dado pela pessoa que o escreveu. Dar a ele significado diferente e variado é um contrassenso.
"E se a pessoa quis mesmo fazer dois números em um, de modo que o 6 e o 9 formassem um único símbolo?", talvez você me pergunte. Nesse caso, os dois homens na imagem em análise estariam corretos, quanto ao que viram. Na verdade, todos temos que concordar que a pessoa que escreveu o número quis realmente comunicar duas ideias/mensagens em um único símbolo: um número que, visto de outro lado, torna-se outro número. Isso por si lança por terra a ideia de que todos podem e devem interpretar, de seu modo, o que veem/ouvem/leem. Entenda: ninguém deve incutir, arbitrariamente, o seu significado em qualquer obra literária/artística, como "isso é o que eu acho", "essa é a minha visão sobre" etc.; ao contrário, deve-se colocar para fora o verdadeiro significado da tal obra. Ao ler um livro, jamais pergunte: "O que eu acho sobre as palavras do autor?"; mas, sempre, faça a pergunta: "O que realmente quer dizer o autor com esse texto?"
Dizer que todas as interpretações sobre uma obra são válidas, desconsiderando a ideia e a intenção do seu autor, é relativizar o sentido real dessa obra. Toda obra literária/artística, reitero, deve ser interpretada à luz da ideia, bem como da intenção, que o escritor/artista teve ao produzi-la.
Infelizmente, com o intuito de levar cada ser humano a "construir/ampliar sua visão de mundo" (aquela coisa freiriana, sabe?), os relativistas, a galera do politicamente correto, têm formado inúmeros analfabetos funcionais. Aqueles que não têm capacidade de interpretar um(a) simples texto/imagem, embora, quando o(a) interpretam erroneamente, possuam o aval de seus "educadores", que os veem como pessoas que possuem "visões diferentes" sobre o(a) tal texto/imagem, não se importando nem um pouco em distorcer, ferir e ou subtrair o verdadeiro significado que o autor quis comunicar por meio de sua obra.
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